O caso não é o primeiro a envolver tucanos e democratas de alta
estirpe no Brasil. Em Brasília, o conselheiro do Tribunal de Contas do
DF (TCDF), Domingos Lamoglia, foi afastado de suas funções. Ele tem um
histórico muito semelhante ao de Marinho.
Ex-chefe de gabinete do então governador do DF José Roberto Arruda,
que foi preso, em 2010, durante a Operação Caixa de Pandora, da Polícia
Federal, Lamoglia foi indicado para o cargo em 2009, pouco antes do
mensalão do DEM eclodir e revelar toda a sujeira existente nos esquemas
milionários de desvios de recursos do DF sob o mando dos democratas.
Afastado do cargo em fevereiro último, por em decisão liminar do
Tribunal de Justiça do DF, Lamoglia é um dos operadores do esquema de
corrupção para a compra de apoio político de deputados distritais. Os
recursos eram provenientes de propina paga por empresários que mantinham
contratos com o GDF, conforme comprovam as apurações.
Lamoglia foi afastado mas manteve as mordormias, como o salário de R$
22 mil mensais garantidos pelo cargo vitalício e o direito a foro
privilegiado. Ação movida pela Federação Nacional das Associações dos
Tribunais de Contas (Fenastc) pede que ele devolva R$ 1,2 milhão aos
cofres públicos.
Contas no Exterior – Ao contrário do colega de
Brasília, Marinho teve mais sorte. Ele mantém a função, o salário e a
influência que o cargo lhe confere.
O pedido para seu afastamento que tramita no Tribunal de Justiça de
São Paulo foi subscrito pelos promotores de justiça Silvio Antonio
Marques, José Carlos Blat, Saad Mazloum e Marcelo Daneluzzi.
Segundo os promotores, os documentos enviados pelo Tribunal Federal de Bellinzona e pelo Tribunal Federal (Suprema Corte) de Lausanne, na Suíça, bem como pelo Tribunal de Grande Instance de Paris, na França, comprovaram o recebimento de valores de origem ilícita por parte de Marinho.
Somente em uma de suas contas na Suíça o conselheiro tem US$ 3
milhões. Os recursos foram bloqueados por decisão judicial. Marinho
recebeu, segundo os investigadores, US$ 2,7 milhões em propinas,
depositadas no exterior, entre 1998 e 2005, conforme comprovam extratos
bancários enviados pela Justiça da Suíça ao Brasil.
A propina servira para Marinho favorecer a Alstom em contrato, sem
licitação, no fornecimento de equipamentos em três subestações da
Eletropaulo e da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE).
O caso está sob análise da 13ª Vara da Fazenda Pública da Capital,
onde tramitam outras duas ações cautelares propostas em 2009 e 2010.
Combate - Em 17 de março, a bancada do PT na
Assembleia Legislativa de São Paulo protocolou pedido de afastamento de
Marinho, junto à Procuradoria Geral de Justiça. A medida cautelar
solicitava o distanciamento, enquanto perdurassem as investigações no
caso Alstom.
“Esse pedido da promotoria é uma vitória para nós. Também queremos
convocá-lo para que preste esclarecimentos às comissões de
Infraestrutura e de Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa”,
afirmou o líder da bancada do PT, deputado estadual João Paulo Rillo.
“É indispensável aprofundar o debate sobre estas graves acusações
envolvendo o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado”, disse.
Fonte: Por Camila Denes e Áureo Germano, da Agência PT de Notícias.
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