“Lula,
bem-vindo, o Equador está contigo”, assim foi recebido o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira (3), em Guaiaquil, no
Equador, onde defendeu a aceleração da integração latino-americana
contra a crise econômica. Nesta quinta-feira (4), o presidente do
Equador, Rafael Correa recebeu Lula no escritório da Presidência da
República equatoriana. Também participou da reunião o diretor da
Iniciativa América Latina do Instituto Lula, Luiz Dulci.
Correa
participará da Cúpula de Chefes de Estado da Unasul, que ocorre nesta
quinta (4), em Guayaquil e continua na sexta-feira (5), em Quito,
capital do país. Lá, será inaugurado o edifício-sede da entidade, com a
presença da presidenta Dilma Rousseff.
Na quarta-feira (3), o ex-presidente Lula participou do Seminário
Internacional “Integração e Convergência na América do Sul”, da União de
Nações Sul-Americanas (Unasul), onde aconteceu a conferência “A Unidade
e a Integração Latino-Americana e Caribenha: Passado, Presente e
Futuro”.
Em seu discurso, Lula parabenizou a vitória de Tabaré Vasquez no
Uruguai, considerada pelo ex-presidente brasileiro parte de um “segundo
ciclo” de integração e governos populares na América do Sul, junto com
as recentes eleições de Evo Morales, na Bolívia, Michelle Bachelet, no
Chile, e Dilma Rousseff, no Brasil. Para o ex-presidente, o povo renovou
sua confiança nos governos de transformação social, mesmo diante de
ataques do conservadorismo feitos “a toda soberania de uma região do
planeta que está construindo um vigoroso projeto alternativo ao
neoliberalismo.”
Ao comentar os avanços da integração no século 21, Lula apontou que o já
realizado em infraestrutura e aumento do comércio na América Latina,
que saltou de 50 bilhões de dólares para 189 bilhões de dólares em 10
anos, foi muito, mas ainda não estão à altura do nosso potencial ou
necessidades. “A crise econômica mundial teve um efeito inibidor sobre
as iniciativas de integração. Como se tivéssemos que esperar o fim da
crise para voltar a tratar da integração. Estou convencido de que é
justamente o contrário: quanto mais nos integrarmos, melhores serão as
nossas condições para enfrentar e superar os efeitos da crise.”
Lula citou como exemplo, problemas em dois projetos de infraestrutura
que ligam o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, um que liga o Brasil ao
Chile, outro ao Peru, que sofrem com problemas burocráticos nas
fronteiras para facilitar o fluxo de mercadorias na região. E também a
resistência do Brasil a importar bananas produzidas no Equador.
O evento, feito em parceira com o Instituto Lula e o Ministério das
Relações Exteriores do Equador, debateu a integração da América Latina,
com a presença do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, da
president da Cepal, Alicia Bárcena, o ministro das Relações Exteriores,
Ricardo Patiño, o socólogo brasileiro Emir Sader, entre outras
autoridades, representantes de institutições multilaterais, como o
Mercosul, a Aliança do Pacífico, a ALBA, parlamentares, embaixadores e
pesquisadores.
Leia o discurso escrito de Lula (sem os improvisos)
É um privilégio participar deste encontro com representantes de tantos
países irmãos, no momento em que se inaugura a sede permanente da
Unasul. Este é um passo extraordinário para concretizar o sonho da
integração de nossos povos e países.
Quero felicitar o companheiro Rafael Correa, uma das lideranças mais
expressivas do nosso continente e um dos maiores incentivadores desse
projeto. Quito tornou-se de fato a Capital da Integração. Aquele belo
edifício na Metade do Mundo será, a partir de amanhã, a casa de todos
nós.
Saúdo, fraternalmente, o companheiro Ernesto Samper, novo
secretário-geral da Unasul, que vem contribuir com sua experiência
política e reconhecida capacidade de diálogo, qualidades essenciais para
conduzir o processo de integração a uma nova etapa, possível e
necessária.
Antes de entrar no tema desta conferência, quero prestar homenagem a
dois companheiros que não estão mais entre nós, mas sem os quais não
teríamos chegado tão longe: Néstor Kirchner e Hugo Chávez.
Cada qual a sua maneira, eles foram personagens fundamentais neste
processo, emprestando sua energia, generosidade e visão de futuro para o
fortalecimento do Mercosul, a criação da Unasul e a constituição da
Celac.
Líderes de origens e países distintos, Kirchner e Chávez demonstraram,
acima de tudo, espírito de fraternidade e compromisso com o
desenvolvimento e a emancipação dos povos da América Latina e do Caribe,
dedicando especial atenção para o combate à pobreza e à desigualdade.
Saúdo também a eleição, no último domingo, do companheiro Tabaré
Vázquez, para um segundo mandato como presidente do Uruguai. Em sua
primeira presidência, o companheiro Tabaré foi um dos grandes artífices
da construção da Unasul.
Sua eleição foi mais uma importante vitória das forças progressistas de
nossa região nestes últimos dois anos. Neste período, os governos
transformadores sofreram os mais duros ataques, por parte dos
adversários internos, e por parte dos porta-vozes mundiais do
conservadorismo político e econômico.
Numa interferência totalmente descabida em assuntos internos, analistas
de mercado, agências de risco e até organismos multilaterais tentaram
desqualificar políticas econômicas soberanas, que evitaram o desemprego e
a recessão em nossos países. A imprensa dos grandes centros financeiros
demonizou projetos políticos democraticamente eleitos, valendo-se
muitas vezes da manipulação dos fatos, da mentira e do preconceito.
Foi um ataque coordenado e tenaz, mas as populações dos nossos países
não se deixaram intimidar. Reafirmaram, nas urnas, a decisão de trilhar
um novo caminho de desenvolvimento com inclusão social. Rechaçaram o
retrocesso ao neoliberalismo e aos modelos excludentes do passado.
O fato é que desde a reeleição de Rafael Correa, no Equador, e da
vitória de Nicolás Maduro, na Venezuela, as forças progressistas
inauguraram um segundo ciclo de vitórias eleitorais em nossa região.
O respaldo popular aos projetos de mudança se manifestou no Chile, com
Michele Bachelet; em El Salvador, com Salvador Sánchez Cerén, e na
Bolívia, com Evo Morales. Na Colômbia, os inimigos do processo de paz
foram derrotados pelo presidente Juan Manuel Santos com o apoio
qualificado das forças de esquerda no segundo turno. No Brasil,
reelegemos a companheira Dilma Rousseff, numa campanha duríssima, que
mobilizou fortemente os setores populares e democráticos da sociedade.
Apesar dos reflexos de uma crise global que não foi criada por nós, mas
pela especulação desenfreada nos grandes centros econômicos; apesar da
dureza da disputa, com a radicalização cada vez mais estridente da
direita; apesar de todas as dificuldades, o povo renovou a confiança nos
governos de transformação social.
Mas não devemos nos iludir: os ataques do conservadorismo não se dirigem
a cada país isoladamente. São ataques à soberania de toda uma região
do planeta, que está construindo um vigoroso projeto alternativo ao
neoliberalismo, lastreado na democracia, no diálogo e na busca de formas
mais justas de desenvolvimento. Meus amigos e minhas amigas,
Neste último decênio, o processo de integração, que havia sido
interrompido pelos governos neoliberais, foi retomado com vigor. Afinal,
percebemos que os desafios do desenvolvimento são comuns a nossos povos
e países, e por isso não podíamos continuar de costas uns para os
outros.
Posso dar o testemunho da ação de resgate do Mercosul, da qual
participei diretamente em meu período como presidente da República. Foi
uma decisão estratégica que anunciamos no primeiro dia de governo, em
janeiro de 2003, e que estava em plena sintonia com os anseios de
Argentina, Paraguai e Uruguai.
Além de revalorizar o papel das chancelarias, estabelecemos um mecanismo
de consulta permanente entre os chefes de Estado. O contato direto
entre os presidentes gerou confiança mútua e aprofundou a compreensão
sobre a importância da integração para cada país.
Investimos fortemente na redução das assimetrias entre os membros do
bloco, elevando de maneira exponencial os recursos do fundo destinado a
este fim, o Focem. Isso resultou em importantes obras de melhoria da
infraestrutura produtiva e social, beneficiando, sobretudo, as economias
menores. Promovemos também acordos de imigração e previdência social no
âmbito do bloco.
Em apenas 10 anos, o comércio entre os países do Mercosul passou de US$
15 bilhões para US$ 66 bilhões. Com o ingresso da Venezuela, o bloco se
fortaleceu e as possibilidades de comércio cresceram ainda mais.
Uma expansão comercial semelhante ocorreu em todos os blocos regionais
no continente. Em dez anos, as trocas comerciais entre os países da
América Latina e Caribe passaram de US$ 50 bilhões para US$ 189 bilhões.
Mais da metade dessas trocas envolve produtos manufaturados, numa lista
diversificada de quase 10 mil itens.
Quero destacar a importância, para as pequenas e médias empresas, das
oportunidades geradas pelo comércio no interior do bloco. Estas empresas
são fundamentais, em qualquer país, para a geração de renda e a
democratização do processo econômico.
Os avanços da integração, no entanto, foram além das relações
comerciais. Os empresários dos nossos países estão aprendendo a investir
nos países vizinhos, e não apenas a vender e comprar. Grandes
empreendimentos regionais estão se constituindo em áreas como aviação,
telefonia, serviços financeiros, alimentação, cimento e tecnologia da
informação, entre outras.
Até 2004, a troca de investimentos entre países da região correspondia a
apenas 4% do investimento direto externo na América Latina e Caribe.
Hoje, ultrapassou 14% do total, e pode se ampliar muito mais, se
fizermos o que tem de ser feito.
Em dezembro de 2004, na reunião de presidentes sul-americanos em Cuzco,
demos um grande passo político, com a criação da Unasul. Constituímos
um organismo democrático multilateral, sem nenhum tipo de tutela
externa.
É muito significativo, do ponto de vista da nossa evolução histórica,
que uma das primeiras iniciativas da Unasul tenha sido a instalação do
Conselho Sul-Americano de Defesa. Em breve, estará funcionando, em
Quito, a Escola de Defesa Sul-Americana. Com tais medidas corajosas –
impensáveis para muitos da minha geração – demarcamos o território da
soberania, do diálogo e da paz em nosso continente.
Sempre que foi convocada, a Unasul construiu soluções de entendimento
para conflitos entre países, e ajudou a superar tensões políticas
desestabilizadoras.
Em 2008, realizamos na Bahia a cúpula de chefes de estado da América
Latina e do Caribe – a nossa primeira reunião sem a presença dos Estados
Unidos e do Canadá. Ali decidimos criar a CELAC, que seria oficialmente
constituída na cúpula da Riviera Maya, no México, em 2010.
A constituição da Celac ampliou ainda mais o espaço de cooperação
democrática sobre o qual semeamos o projeto de integração da América
Latina e do Caribe.
Somos hoje 33 países com a vontade comum de construir um futuro à altura
dos nossos sonhos e possibilidades; e de exercer um papel cada vez mais
ativo na comunidade global.
Meus amigos, minhas amigas,
Todos os avanços que mencionei são importantes para a evolução histórica
do processo de integração. Mas não são suficientes. Poderíamos e
deveríamos ter feito muito mais. A verdade é que o avanço da integração
não está a altura do nosso potencial e sobretudo das nossas
necessidades. A crise econômica mundial teve um efeito inibidor sobre as
iniciativas de integração. Como se tivéssemos que esperar o fim da
crise para voltar a tratar da integração. Estou convencido de que é
justamente o contrário: quanto mais nos integrarmos, melhores serão as
nossas condições para enfrentar e superar os efeitos da crise. A
integração não é um problema; ela é parte da solução. Longe de mantê-la
congelada, esperando tempos melhores, o que devemos fazer é acelerá-la.
É impressionante constatar, por exemplo, quanto tempo o Brasil viveu de
costas para os vizinhos do continente – e creio que o mesmo aconteceu
com a maioria dos países da região.
Durante cinco séculos, tivemos mais conexões com as velhas metrópoles e
com os Estados Unidos do que entre nós mesmos – na economia, nos
transportes, na política e até no âmbito da cultura e do pensamento.
Ficamos apartados uns dos outros até fisicamente. Imaginem vocês que
somente no meu governo, já no século 21, é que foram construídas as
primeiras pontes fluviais ligando o Brasil ao Peru e à Bolívia.
Isso tornou possível a conclusão do Eixo Interoceânico Sul, ligando a
costa peruana à Amazônia Brasileira. E também concluímos o Corredor
Bioceânico, do porto de Arica, no Chile, ao porto de Santos, no Brasil,
passando por território boliviano.
Mas chega a ser inexplicável que, depois de executar duas obras de
tamanha importância, não conseguimos ainda viabilizar a circulação de
mercadorias por essas estradas. No primeiro caso, falta uma decisão
meramente administrativa do Brasil. No segundo, falta um acordo com a
Bolívia para o trânsito de caminhões de outros países.
A experiência me ensinou que não basta firmar acordos e anunciar
decisões em cúpulas presidenciais. Não raro, depois que os presidentes
retornam aos seus países, a foto oficial é o único resultado palpável de
uma cumbre.
Para que tais decisões se transformem em fatos, elas não podem cair na
rotina dos legislativos, a quem compete aprová-las, nem na burocracia
dos governos, a quem compete implementá-las.
Por isso é tão importante repensar o funcionamento dos nossos
parlamentos nacionais no que diz respeito aos acordos assinados pelos
chefes de estado.
Cabe a eles examinar as questões concretas da integração, desde os
direitos laborais até as relações comercias. Desde o respeito aos
direitos humanos até o compartilhamento de tecnologias.
Da mesma forma, os parlamentos devem criar mecanismos especiais, mais ágeis, para a aprovação dos nossos acordos.
Meus amigos, minhas amigas,
Nossa região concentra cerca de 30% do potencial hidrelétrico do
planeta. Esta fonte renovável corresponde a 52% da nossa capacidade
instalada de geração de eletricidade, que hoje é da ordem de 325
Gigawats. Mas ainda não aproveitamos nem 40% desse potencial,
construindo usinas e linhas de transmissão para o aproveitamento
integral e solidário deste recurso.
Da mesma forma precisamos integrar a rede de gasodutos e oleodutos, para
aproveitar o potencial de combustíveis fósseis, e também estimular e
coordenar a geração a partir de outras fontes de energias renováveis:
eólica, solar, de biomassa, marinha e geotérmica.
Além disso, para avançar no ritmo necessário à expansão econômica,
teremos de ampliar e conectar a rede de comunicação por banda larga
entre nossos países .
É muito importante definir novas fontes de financiamento para projetos
estratégicos, mesmo aqueles circunscritos ao território de um só país e
que têm importância para a região. Neste sentido se impõe o pleno
funcionamento do Banco do Sul. Mas também é preciso valorizar mais as
fontes já existentes, nacionais e multilaterais, além de aproveitar as
oportunidades abertas pelo Novo Banco de Desenvolvimento instituído
pelos BRICS.
Cabe aos países mais desenvolvidos, com as maiores economias da região
adotarem políticas para facilitar o acesso dos países mais pobres aos
seus mercados consumidores.
E me permitam enfatizar outro grande desafio: integrar as cadeias
produtivas. Há quem duvide da nossa capacidade para tanto. Mas, se hoje
fabricamos automóveis com partes feitas em diferentes países do
Mercosul, por que não seríamos capazes de fazer o mesmo com outras
cadeias industriais de valor, compartilhadas por diversas nações,
contribuindo para superar as assimetrias entre eles?
Esse esforço diz respeito aos governos e suas agências, e também aos
empresários, ao setor financeiro e aos sindicatos de trabalhadores.
Neste sentido, considero importantíssima a Plataforma Laboral das
Américas, que os companheiros sindicalistas de toda a região lançaram em
maio, no Chile.
Meus amigos, minhas amigas,
Estes primeiros anos do século XXI marcaram o início de uma nova era
para as populações da América Latina e do Caribe. Na maioria dos países,
que adotaram políticas ativas de distribuição de renda, geração de
empregos e inclusão social, a economia cresceu acima da média mundial.
O desemprego urbano na região, que alcançava 11,1% em 2003, estava
reduzido a 6% no terceiro trimestre de 2014. No mesmo período, o salário
mínimo teve aumento real de 20% na média dos países latino-americanos.
Estamos tirando nossos países do mapa mundial da fome.
Reduzimos fortemente a pobreza e a desigualdade.
Ampliamos – e muito- o acesso à educação e saúde públicas, ao mesmo
tempo em que trabalhamos para melhorar sua qualidade. Enfrentamos o
preconceito com corajosas políticas afirmativas. E tudo isso buscando
combinar desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade
ambiental. Em suma, nossos países, cada um ao seu modo, estão
distribuindo renda, conhecimento e poder. Isso significa que as
populações estão alcançando um novo patamar de direitos, de bem estar e
de participação democrática.
Desse patamar não podemos retroceder.
Meus amigos, minha amigas,
Diferentemente do que ocorria no passado, os países da América Latina
estavam melhor preparados para enfrentar a crise financeira global
desencadeada em 2008.
A maioria de nossos países rejeitou a receita da recessão e corte de
investimentos públicos, que ceifou milhões de empregos e arruinou
milhões de famílias ao redor do mundo.
Um estudo da Cepal com países selecionados da América Latina e Caribe
aponta que, entre 2009 e 2013, tivemos um crescimento médio de 7,8% na
geração de empregos. Considerando apenas os empregos formais, o
crescimento foi de 12,5% no período.
Isso mostra o acerto das políticas que adotamos para enfrentar os
impactos da crise global – políticas soberanas, decididas sem a
ingerência do FMI, cujas imposições infelicitaram toda uma geração de
latino-americanos.
Agora estamos em uma nova fase da crise global, marcada pela retração do
comércio externo e do fluxo de investimentos a partir dos centros
econômicos tradicionais.
Temos feito enorme esforço para superar o papel que nos atribuíram no
passado de meros exportadores de produtos primários. O caminho para o
futuro passa pelo conhecimento, pela identificação de oportunidades e
complementariedades no processo produtivo.
Essa transição é crucial, não apenas para desenvolver a produção e o
mercado intrarregional, mas para alcançarmos maior competitividade na
disputa pelos mercados externos.
Temos de produzir com mais eficiência, incorporando avanços tecnológicos
para agregar valor à nossa produção. Precisamos investir em
infraestrutura, para reduzir os custos de logística e energia; e
equacionar os mecanismos de financiamento da produção.
Por isso mesmo, nossa capacidade de avançar na integração será
determinante para a maneira como nossos países vão enfrentar a nova
etapa da crise.
A América Latina e o Caribe estão conquistando um novo lugar no mundo.
Estamos deixando de ser uma peça menor nas relações internacionais. E
isso contraria interesses estabelecidos, que reagem duramente ao nosso
crescimento comercial, econômico e político.
Isoladamente, somos mais frágeis nas disputas políticas e econômicas de
ordem global. Juntos, constituímos uma potência, com uma população de
600 milhões de habitantes e um PIB superior a 5,5 trilhões de dólares.
Juntos, e somente juntos, temos a possibilidade real de influenciar na
reforma dos organismos multilaterais e de contribuir para uma nova ordem
política e econômica global mais justa, equilibrada e democrática.
Meus amigos, minhas amigas,
O verdadeiro sentido da integração manifesta-se concretamente na
ampliação dos direitos e das oportunidades de cada cidadão, que não
devem se limitar mais ao seu próprio país.
Os exemplos históricos de blocos regionais no mundo mostram que eles se
consolidam quando seus habitantes podem trabalhar, estudar, empreender e
investir em todos os países.
Tão importante quanto a integração política e econômica é a integração
social; a aproximação, o convívio, o intercâmbio, a aliança entre os
nossos povos.
Quando o cidadão comum se sentir parte integrante e beneficiário direto
desse processo, aí, sim – estaremos forjando uma verdadeira vontade
popular pela integração; uma nova cidadania, conscientemente
latino-americana.
Para isso é imprescindível fomentar o diálogo e a cooperação entre as
nossas universidades, os nossos cientistas, artistas e os mais diversos
movimentos sociais.
A nova etapa do processo de integração exige uma visão de longo prazo
sobre as questões estruturais do processo de integração. Planejar o
futuro com o objetivo de dar um salto de qualidade em nossa região.
Hoje, nosso principal desafio é construir um pensamento estratégico
latino-americano e caribenho e, a partir dele, um projeto integrador
mais ousado, que aproveite toda essa riqueza histórica, material e
cultural.
Fonte: Instituto Lula e http://www.vermelho.org.br/noticia/254745-1
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