O
ex-presidente Lula afirmou nesta quinta-feira 18 que a Petrobras "tem
muita força" para aguentar a crise em decorrência das investigações da
Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, que apura processos de
corrupção em contratos da estatal. "A Petrobras tem muita força, gente",
disse ele, após participar de um evento no Ministério da Justiça em
comemoração aos dez anos da reforma do Judiciário.
Questionado
se achava que a presidente da estatal, Graça Foster, deveria ser
mantida ou afastada do cargo, respondeu: "Eu não acho nem desacho. É um
problema da presidenta Dilma, não é meu". Ontem, Graça disse a
jornalistas que fica no cargo "enquanto tiver a confiança da
presidente".
Em seu discurso no evento, que também homenageou o ex-ministro da
Justiça Márcio Thomaz Bastos, falecido em novembro, Lula atacou, sem
citar a Lava Jato, o que chamou de "vazamento seletivo de inquéritos" e a
"incitação ao linchamento midiático".
"Todos os que lutamos pela democracia e pelo aperfeiçoamento
institucional em nosso país somos defensores intransigentes da liberdade
de imprensa e de manifestação. Isso não nos impede de repudiar, com
vigor, a incitação ao linchamento midiático, que em nada contribui para o
julgamento, necessariamente isento, no âmbito das instituições
democráticas. Não nos impede de condenar, com veemência, que esse tipo
de recurso seja utilizado na luta política", disse Lula.
O ex-presidente resgatou uma advertência do Instituto de Defesa do
Direito de Defesa, elaborado inclusive por Thomaz Bastos, que aponta que
se viola o direito de defesa "quando pedimos a condenação de alguém no
primeiro dia em que seu nome aparece atrelado a um crime na mídia,
quando permitimos o seu julgamento fora das regras previstas na Lei e ao
tratar alguém como culpado antes de sua condenação em definitivo".
Em seguida, Lula comentou: "Estas palavras, de quase 20 anos atrás, são
de extrema atualidade nesses dias em que setores partidários e da
imprensa fazem tábula rasa de sagrados princípios do Estado de Direito.
Neste momento se realizam investigações capazes de conduzir ao expurgo
de práticas ilícitas e ao juízo de corruptos e corruptores. Mas há
setores que se lançam à manipulação de denúncias e ao vazamento seletivo
de inquéritos, com indisfarçável objetivo político-partidário".
"Como já ocorreu na história recente, pessoas e instituições
investigadas pelas instituições tornam-se alvo de pré-julgamento
público, sem acesso proporcional ao direito de defesa", acrescentou o
petista. A declaração pode ter feito referência à Ação Penal 470 e às
investigações da Lava Jato.
0 comentários:
Postar um comentário